Caso de “falsa couve”, em Patrocínio, alerta para os riscos de intoxicação por plantas 

A morte de uma mulher, de 37 anos, acendeu um alerta sobre os riscos do consumo de plantas sem procedência. Claviana Nunes da Silva confundiu uma planta tóxica com couve e acabou sofrendo uma grave intoxicação alimentar na cidade de Patrocínio.

O que parecia uma folha inofensiva era a Nicotiana glauca, conhecida como “falsa couve”, “charuteira” ou “fumo-bravo”. A planta contém uma substância altamente tóxica chamada “anabasina”, capaz de causar paralisia muscular, respiratória e até a morte.

“O nome dela já exemplifica o que ela pode ter: a nicotina, a nornicotina e a anabasina, componente que age no sistema nervoso central, onde vai afetando as conexões nervosas e alguns sistemas e funções do nosso corpo”, disse o biólogo Gabriel Matias.  

Especialistas explicam que o problema está no erro de identificação. A Nicotiana glauca cresce espontaneamente em áreas rurais e em terrenos urbanos com semelhanças à couve tradicional. A confusão visual é comum e já provocou outros casos pelo Brasil.

“A borda da folha da nicotiana é mais lisa, já a da couve é mais ondulada. Outra diferença entre as duas plantas é que a couve tem um porte menor com textura áspera e a nicotiana, um porte maior com textura lisa, tendo um hábito arbustivo”, comentou o profissional. 

De acordo com estudos, cerca de 30 miligramas de anabasina podem ser fatais para um adulto. Além disso, o risco não diminui com o cozimento: o calor comum de panela não destrói o veneno, pelo contrário, o aquecimento pode liberar mais substância tóxica. 

“Varia muito em relação à quantidade da substância e ao grau de toxicidade, dependendo do que ingerimos com a substância. Se ingerirmos uma grande quantidade de líquido, é como se liberássemos mais toxinas no organismo”, explicou o médico Elcio Moreira. 

Segundo Elcio, não se deve consumir folhas ou raízes sem saber da procedência. A falsa couve pode parecer inofensiva, mas contém um veneno capaz de interromper a respiração em minutos. A atenção e o conhecimento são as melhores formas de prevenção.

“Quando acontece algo estranho que não é explicado por algum outro motivo, sempre temos que pensar que pode ser uma intoxicação, então temos que ter cuidado para evitar desfechos desfavoráveis”, ressaltou o médico.